Da página do Passa Palavra
30 Novembro 2010
«O EIVI ocorrerá de 10 a 28 de janeiro de 2011, em Assentamentos e Acampamentos do MST no Recôncavo Baiano (Brasil). As inscrições acontecem até o dia 12 de dezembro de 2010.»
Por Núcleo de Estudos e Práticas em Políticas Agrárias – NEPPA
Inscrições pelo email: eivibahia@gmail.com
EIVI Bahia, do que se trata?
Uma formação política que atinge e entrelaça três sujeitos distintos: 1) Os militantes do NEPPA [1] que desenvolvem trabalho de base permanente em comunidades rurais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e compõem a monitoria do estágio; 2) As respectivas comunidades rurais [2]onde o NEPPA desenvolve atividades de extensão ao longo do ano; 3) Os estudantes e militantes de outros espaços que participam do EIVI enquanto estagiários.

Um dos nossos princípios é que o EIVI só acontece onde houver atividades permanentes do NEPPA. Somente por este motivo é possível que haja intervenções durante o EIVI. Na verdade, ocorre uma inversão da lógica, o EIVI se torna apenas mais um momento entre as atividades permanentes de intervenção e não mais o único momento de contato com a comunidade. Assim, o EIVI surge como uma oportunidade de intensificar os vínculos e as ações nas comunidades e socializar as experiências para que outros indivíduos e organizações possam “conhecer participando”, “aprender fazendo” e, se assim quiserem, aplicar este aprendizado na realidade em que estão inseridos ou, quem sabe, modificar a sua forma de militar e de viver.
Um curso praxiológico, em que teoria e prática compõem um processo único, buscando romper com a equivocada separação entre eles e a conseqüente valorização do trabalho intelectual em detrimento do trabalho manual. Fomenta a participação de todo o coletivo em todas as etapas do curso, em todas as formas de trabalho, buscando a disseminação do poder e a não hierarquização das relações, criando assim, momentos propícios para uma prática pedagógica libertadora. Todos e todas planejando, criando, elaborando, fazendo e avaliando, sempre coletivamente.

Aos Educadores Populares cabe problematizar a realidade das comunidades com os estagiários e a própria comunidade, promover o diálogo para que a comunidade paute suas demandas e necessidades, estimulando a parceria no enfrentamento dos problemas e o desenvolvimento da solidariedade de classe, do espírito cooperativo e da não exploração do outro, atuando sempre em uma perspectiva de transformação radical da sociedade e da emancipação humana.
Proporcionar uma vivência anti-capitalista de sociabilidade, que começa já no momento de capacitação antes da dispersão nas comunidades, quando nos organizamos em brigadas para a divisão eqüitativa e rotativa de todas as tarefas, problematizamos conteúdos necessários para a compreensão da realidade e disseminação da compreensão da desumanidade capitalista, a fim de instrumentalizar os estagiários para que em conjunto com a monitoria e depois com a comunidade, planejem a sua vivência e conseqüentemente a atuação coletiva daquele grupo em cada assentamento/acampamento.

O processo educativo se completa no terceiro momento, quando todos os estagiários se reúnem novamente para socializar, problematizar e avaliar coletivamente as experiências nas comunidades e a própria metodologia do EIVI. Por fim, estes sujeitos debatem as tarefas revolucionárias postas para a militância, na nossa atual conjuntura. Trata-se de uma concepção de vivência não contemplativa, ultrapassando a inércia e contribuindo para a auto-formação de agentes transformadores da realidade.

O EIVI compõe uma prática política realizada pelo NEPPA desde a sua origem em 2006. Fundamenta-se na construção de experiências anti-capitalistas, em uma organização popular de confronto ao capital, visando proporcionar melhoria das condições objetivas de vida das famílias, sem cair no assistencialismo e mantendo uma perspectiva de transformação radical da sociedade. Pretendemos construir experiências as mais revolucionárias possíveis e a partir de suas peculiaridades, das possibilidades e desejos dos sujeitos envolvidos; disseminando os acúmulos, fomentando a realização de outras experiências, fortalecendo os movimentos sociais e a luta da classe trabalhadora, contribuindo para autonomia econômica, organizativa e política.
É nesse processo que o EIVI se insere e é só por isso que ele pode conter intervenções. Defender o seu caráter intervencionista, para o NEPPA, é defender a dedicação constante na construção de alternativas que promovam a transformação social referenciada na pedagogia libertadora de Paulo Freire e no projeto socialista de sociedade. Trata-se de intervir para transformar, com responsabilidade, respeito e diálogo.
Salvador, 22 de novembro de 2010,
NEPPA – Núcleo de Estudos e Práticas em Políticas Agrárias
[1] O NEPPA (Núcleo de Estudos e Práticas em Políticas Agrárias) desenvolve atividades educativas e militância com o MST Bahia desde 2006.
[2] Assentamentos Eldorado de Pitinga, Bela Vista e Nova Suíça em Santo Amaro, Acampamentos Recanto da Paz e Santa Maria em Mata de São João e Assentamentos Bento e Nova Panema em São Sebastião do Passé
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